Moçambique conclui etapa de protestos liderados por Venâncio Mondlane contra resultados eleitorais
Esta sexta-feira marca o fim da terceira fase da quarta etapa de manifestações organizadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo partido PODEMOS, em oposição aos resultados das eleições gerais de 9 de outubro, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Os últimos dias foram palco de intensos protestos em várias regiões do país, com barricadas nas ruas e manifestações pacíficas ao som do hino nacional, mas também episódios de violência, envolvendo confrontos entre manifestantes e forças policiais. De acordo com a ONG Plataforma Eleitoral Decide, desde o início das manifestações, a 21 de outubro, foram registadas pelo menos 67 mortes e 210 pessoas baleadas.
Um incidente em Maputo, amplamente divulgado nas redes sociais, gerou grande indignação. Um vídeo mostra uma viatura blindada militar atropelando uma manifestante durante uma ação de repressão. Em resposta, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique classificaram o ocorrido como um acidente, justificando que o veículo estava em missão de proteção de infraestruturas essenciais e desobstrução de vias.
O sociólogo João Feijó criticou duramente o episódio, considerando-o uma demonstração de "desprezo pela vida humana" e defendendo que tais ações deveriam ser avaliadas pelo Tribunal Penal Internacional. "É uma atitude que desvaloriza completamente o moçambicano e revela um comportamento assassino por parte das autoridades policiais", afirmou Feijó.
Apesar da violência inicial, o ambiente na capital, Maputo, tornou-se mais calmo nas últimas horas. Venâncio Mondlane, por sua vez, usou as redes sociais para anunciar os próximos passos em sua estratégia de contestação aos resultados eleitorais, mantendo o apelo por transparência e justiça.
As manifestações refletem uma crescente tensão política no país, com a sociedade civil e organizações internacionais observando atentamente os desdobramentos.
Fonte: DW