Encerramento da fronteira entre Lebombo e Ressano Garcia provoca crise de abastecimento em Moçambique
O encerramento da fronteira de Lebombo, na África do Sul, e Ressano Garcia, em Moçambique, está a causar sérias dificuldades no abastecimento de produtos essenciais aos principais mercados moçambicanos.
A situação é agravada pelas manifestações pós-eleitorais que têm impedido a normal circulação de mercadorias. Produtos frescos, como batata, cebola e cenoura, estão a deteriorar-se nos camiões retidos do lado sul-africano, onde se estima que pelo menos 100 toneladas de tubérculos, avaliadas em cerca de 100 mil meticais, estejam paradas, gerando prejuízos financeiros para os comerciantes.
Manuel Macaringue, camionista moçambicano, relatou as dificuldades enfrentadas. “Estamos há mais de três dias na fronteira, esperando que a situação se resolva para podermos entrar no país e abastecer os mercados. Mas, com o encerramento oficial, ficamos sem opções, o que pode agravar a fome”, afirmou.
No Mercado Grossista do Zimpeto e na Malanga, na cidade de Maputo, a falta de produtos como batata, cebola, cenoura e tomate, tradicionalmente importados da África do Sul, já é evidente. Olímpia Nhadumbe, administradora do Mercado Grossista do Zimpeto, destacou que há quatro dias não entram camiões no local, contrastando com a movimentação diária de até 20 veículos em condições normais.
“Atualmente, estamos a depender de produtos nacionais, mas as vendas estão reduzidas, e o mercado só funciona entre as quatro e sete horas da manhã, por questões de segurança”, explicou Nhadumbe.
Os vendedores, por sua vez, apelam para a rápida normalização da situação. Laurinda Chirindza, que comercializa tomate e cenoura, destacou os desafios enfrentados. “Pedimos que as manifestações cessem e que as fronteiras sejam reabertas. Estamos a enfrentar fome e os produtos estão a estragar-se sem possibilidade de venda”, lamentou.
A ministra dos Transportes e Comunicações da África do Sul, Barbara Creecy, informou que a reabertura da fronteira depende do fim das perturbações do lado moçambicano. Enquanto isso, a crise continua a impactar o abastecimento e as condições de vida em Moçambique.