Venâncio Mondlane rejeita repetição das eleições e defende "verdade eleitoral" como solução para crise
O candidato presidencial Venâncio Mondlane reafirmou, nesta segunda-feira (09.12), que o recurso submetido ao Conselho Constitucional contém provas sólidas que sustentam sua "vitória inequívoca" nas eleições gerais de 09 de outubro. Por isso, Mondlane rejeita a possibilidade de repetição do processo eleitoral.
"Nosso recurso apresentado ao Conselho Constitucional demonstra de forma clara a vitória do PODEMOS e da minha candidatura. Repetir as eleições seria beneficiar os responsáveis por irregularidades e criar um precedente perigoso, onde cometer ilícitos passaria a ser uma estratégia para anular resultados desfavoráveis", argumentou o andidato em comunicado enviado à agência Lusa.
A declaração ocorre em meio a apelos de outros candidatos à presidência, como Lutero Simango (MDM) e Ossufo Momade (RENAMO), que exigem a anulação das eleições devido a alegações de fraude e irregularidades. A Ordem dos Advogados de Moçambique também considerou a repetição da votação como uma possível saída para a atual crise pós-eleitoral, que já dura cerca de dois meses.
Mondlane, no entanto, alertou que validar os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que atribuem a vitória à FRELIMO e ao seu candidato, Daniel Chapo, poderá agravar ainda mais a situação. "Se o Conselho Constitucional confirmar a vitória da FRELIMO, estaremos a presenciar o início do caos e a consolidação de um regime autoritário", afirmou.
Desde o final de outubro, o país tem sido palco de manifestações e paralisações em várias regiões, frequentemente marcadas por confrontos com a polícia, que resultaram em mais de 100 mortes.
Mondlane, que lidera os protestos, condiciona o fim das manifestações a dois fatores: "Primeiro, o reconhecimento da verdade eleitoral. Segundo, a compensação às famílias das vítimas, assistência aos feridos e a libertação incondicional dos detidos".