GOVERNO JUSTIFICA EXCLUSÃO DE VENÂNCIO MONDLANE DO DIÁLOGO NACIONAL
ActualizaNews – 08 de fevereiro de 2025 – O Ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa, esclareceu na última sexta-feira, 7 de fevereiro, que Venâncio Mondlane não será incluído nas iniciativas de diálogo do governo, uma vez que não representa oficialmente nenhum partido político.
Em conferência de imprensa, Impissa, que também atua como porta-voz do executivo, explicou que o Plano de 100 Dias de Governação foca-se em atividades de natureza executiva e não prevê contactos com indivíduos sem representação partidária formal.
"O que esperamos dele é muita responsabilidade, é muita cordialidade. Se ele quer contribuir para o desenvolvimento, deve dar opiniões construtivas para o crescimento e, acima de tudo, para a reconciliação do povo", afirmou o ministro.
Impissa reconheceu a presença de Mondlane nos debates públicos, mas apelou para que o diálogo não se concentre apenas numa única figura. "Há muitos movimentos que já são independentes da própria existência ou comandos de Venâncio Mondlane. O nosso apelo é para que ele abra espaço ao diálogo e se preocupe, acima de tudo, com as populações", sublinhou.
O Plano de 100 Dias, apresentado recentemente pelo governo de Daniel Chapo, visa implementar 78 ações de impacto imediato para melhorar as condições de vida dos cidadãos. No entanto, a ausência de medidas específicas para mitigar a tensão política e promover o diálogo com figuras como Venâncio Mondlane tem gerado críticas por parte de setores da sociedade civil.
Mondlane, que ganhou destaque após disputar as eleições presidenciais de outubro de 2024 como candidato independente, tem sido uma voz ativa na oposição, especialmente entre os jovens. Após os resultados eleitorais, que declararam Daniel Chapo vencedor com 70,7% dos votos, Mondlane contestou a legitimidade do processo, alegando fraude eleitoral e liderando protestos que resultaram em confrontos com as forças de segurança.
A exclusão de Mondlane das recentes rondas de diálogo promovidas pelo chefe de Estado levanta questões sobre a abrangência das iniciativas de reconciliação nacional. Enquanto representantes de partidos com assento parlamentar mantêm contactos regulares com o Presidente da República, Mondlane tem sido deixado de fora, o que suscita dúvidas sobre a inclusão de vozes dissidentes no processo político.
Impissa reforçou que o governo não pode convocar Mondlane como representante de uma força política oficial. "O que sabemos é que ele não é membro de nenhum partido. Então, há um movimento primário com os partidos, e o diálogo vai descer e ser mais abrangente para os diferentes intervenientes da sociedade", esclareceu.
Nas últimas semanas, várias vozes, incluindo representantes da sociedade civil, apelaram ao governo para privilegiar o diálogo com figuras como Venâncio Mondlane, em detrimento de líderes partidários tradicionais que já não gozam de grande simpatia popular.
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O grande desafio para o governo de Daniel Chapo será garantir que as suas ações promovam a estabilidade política e social, num contexto em que o diálogo e a reconciliação são fundamentais para a pacificação do país. Resta saber se a estratégia atual será suficiente para criar o impacto desejado ou se a exclusão de figuras como Venâncio Mondlane poderá comprometer os esforços de unidade nacional.