Moçambique: Taxas de juro altas desafiam política monetária do Banco Central
Maputo, 5 de fevereiro de 2025 - Apesar dos esforços do Banco de Moçambique (BdM) para estimular a economia através da redução da taxa MIMO e do coeficiente de reservas obrigatórias, os bancos comerciais continuam a praticar taxas de juro elevadas, levantando questões sobre a eficácia da política monetária.
Em teoria, a flexibilização monetária implementada pelo BdM deveria incentivar o crédito, tornando-o mais acessível para empresas e consumidores. No entanto, a prática revela uma desconexão entre a política do banco central e as taxas praticadas pelos bancos comerciais.
Especialistas apontam para diversos fatores que podem estar contribuindo para essa situação. Um deles é a percepção de risco por parte dos bancos, que podem considerar que a redução das taxas de juro e das reservas obrigatórias não compensa totalmente os riscos associados à concessão de crédito em um contexto macroeconômico desafiador, marcado por inflação, instabilidade cambial e alto risco de crédito.
Outro fator relevante é a estrutura concentrada do mercado financeiro moçambicano, onde poucas instituições dominam o setor. Essa falta de concorrência pode reduzir a pressão sobre os bancos para diminuírem as taxas de juro, permitindo que mantenham margens elevadas sem perderem quota de mercado.
Além disso, há a possibilidade de que a liquidez adicional gerada pela redução das reservas obrigatórias não esteja sendo direcionada para o crédito comercial, mas sim para investimentos mais seguros e lucrativos para os bancos, como títulos da dívida pública.
A manutenção de taxas de juro elevadas tem um impacto negativo na economia, encarecendo o crédito e dificultando o acesso a recursos para empresas e particulares. Esse cenário pode limitar investimentos produtivos, restringir o consumo e, consequentemente, prejudicar o crescimento econômico do país.
Diante desse quadro, torna-se evidente a necessidade de abordar os desafios estruturais do setor financeiro moçambicano para que as reduções na taxa MIMO se traduzam em crédito mais barato e acessível. Algumas medidas que podem ser consideradas incluem o aumento da concorrência bancária, a melhoria do ambiente de negócios e a implementação de estratégias para reduzir o risco de crédito.
A solução para essa questão é fundamental para garantir que a política monetária do Banco de Moçambique seja eficaz e que seus esforços para estimular a economia tragam resultados concretos para o país.