PROFESSORES ACUSAM TENTATIVA DE DIFAMAÇÃO RESPEITEM O LEGADO DO MANO AZAGAIA

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RESPEITEM O LEGADO DO MANO AZAGAIA

A polêmica envolvendo o rapper moçambicano Azagaia ganhou destaque esta semana após a descoberta de um trecho no livro de português da oitava classe, publicado pela Texto Editores. O excerto menciona a detenção do artista, cujo nome verdadeiro é Edson da Luz, pela extinta Polícia de Investigação Criminal (PIC), atual Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), sob suspeita de posse de drogas. O texto está na página 111 do material didático, gerando grande repercussão e divisões de opinião na sociedade moçambicana.

DIVERGÊNCIA DE OPINIÕES SOBRE O TEXTO

A inclusão do trecho gerou controvérsias entre diferentes grupos sociais. Alguns consideram que a presença do texto visa manchar a imagem de Azagaia, enquanto outros defendem que ele cumpre apenas um papel ilustrativo dentro do contexto da tipologia textual abordada no livro.

Entre os alunos da oitava classe, com idades entre 12 e 13 anos, o texto também gerou diferentes interpretações. Marcelo Mate, estudante na Escola Básica de WaMatibwana, na Matola, disse que não conhecia o artista e concluiu, após a leitura, que o rapper fazia uso de drogas. Por outro lado, Stela Nipaparia, aluna na Escola Secundária da Liberdade, afirmou que, mesmo após ler o texto, manteve a visão de que Azagaia era uma pessoa de bom caráter, baseando-se em relatos positivos de seus irmãos.

PROFESSORES ACUSAM TENTATIVA DE DIFAMAÇÃO

A comunidade docente criticou duramente a inclusão do trecho. O presidente da Associação Nacional dos Professores Moçambicanos (ANAPRO), Isac Marrengula, expressou tristeza ao ver que o livro apresenta Azagaia de maneira negativa em um momento em que se discute a possibilidade de reconhecê-lo como herói nacional. Para Marrengula, o governo estaria tentando descredibilizar a imagem do rapper, mesmo após sua morte.

Professores como Stefka Laice, da Escola Básica do Tunduru, também criticaram a escolha do texto, afirmando que o assunto é inadequado para crianças de 12 a 13 anos, por abordar o tema sensível do consumo de drogas.

ACUSAÇÕES DE PERSEGUIÇÃO PÓS-MORTE

Ativistas sociais argumentam que o trecho representa uma perseguição ao rapper, que teria enfrentado hostilidade ao longo de sua vida e até mesmo em seu funeral. Fátima Mimbire sugeriu que o texto visa criar uma associação indevida entre o conteúdo das músicas de Azagaia e o consumo de drogas, o que considera ser uma distorção da verdade.

Quitéria Guirengane destacou que, ao tentar difamar o artista, o governo acabou reconhecendo sua importância na cultura moçambicana. Ela defende a remoção da página do livro e a substituição por um conteúdo que valorize a contribuição de Azagaia para a sociedade.

IMPLICAÇÕES JURÍDICAS E POSICIONAMENTOS LEGAIS

O advogado Rodrigo Rocha acredita que, por se tratar de uma reprodução de uma notícia com fonte devidamente citada, não há implicações jurídicas. No entanto, reconhece que a família de Azagaia pode acionar a Justiça caso se sinta prejudicada.

Por outro lado, o advogado João Nhampossa entende que o trecho não agrega valor ao material didático e sugere que o governo deveria compensar a família por possíveis danos à imagem do artista.

REAÇÃO NAS REDES SOCIAIS E APOIO DOS ARTISTAS

A controvérsia repercutiu intensamente nas redes sociais. Artistas e admiradores do rapper expressaram indignação. Stewart Sukuma, músico moçambicano, criticou publicamente a forma como o legado de Azagaia foi retratado no livro, chamando-a de “ofensiva e desrespeitosa” não apenas para o artista e sua família, mas para toda a comunidade que reconhece a relevância de sua obra.

A discussão sobre o texto continua a provocar debates sobre memória, educação e liberdade de expressão em Moçambique.

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