MAIS DE 50 MIL IDOSOS SEM SUBSÍDIO SOCIAL HÁ TRÊS ANOS EM GAZA
DÉFICE ORÇAMENTAL IMPEDE PAGAMENTO, E IDOSOS ENFRENTAM FOME E DOENÇAS
Mais de 50 mil idosos na província de Gaza aguardam há três anos pelo pagamento do subsídio social básico. A falta do benefício tem agravado a fome e os problemas de saúde entre os beneficiários, muitos dos quais dependem da caridade para sobreviver.
“ESTOU HÁ SEIS DIAS SEM COMER”
José Manuel, um dos afetados, relatou sua situação dramática. "Estou há seis dias sem comer. Para poder me alimentar, dependo da caridade dos vizinhos. Todos os dias tenho que pedir esmola", lamentou.
A idosa Catarina Samuel, de 86 anos, compartilha uma história semelhante. "Desde que prometeram pagar, nunca mais ouvimos nada", afirmou, denunciando a ausência do subsídio.
O programa Subsídio Social Básico (PSSB) deveria beneficiar idosos com mais de 60 anos e pessoas com deficiência permanente. Os valores variam conforme o tamanho do agregado familiar, indo de 540 a 1.000 meticais. No entanto, muitos beneficiários dizem não receber nem os valores mínimos.
SOBREVIVÊNCIA NO LIXO
Joana Nhampossa, que deveria receber 1.000 meticais para sustentar seus seis filhos, viu seu auxílio cortado. "Antes recebia 415 meticais, mas cortaram. Desde que meu marido morreu, fiquei sem qualquer apoio", contou. Para alimentar a família, Joana revira lixo todos os dias em busca de algo vendável. "Às vezes fico doente, mas a vida está difícil", desabafou.
SOLIDÃO E ABANDONO
José Manuel, de 89 anos, sofreu um acidente de trabalho que o deixou com sequelas. "Minha esposa levou meus filhos e foi embora. Prefiro a morte a viver assim", disse, emocionado. Sem o subsídio, ele não consegue arcar com os custos médicos.
Pascoal Nhalivilo, de 77 anos, também enfrenta dificuldades. "Sinto dores nas costas por causa da tensão. Minha casa está destruída e não tenho alimentos", relatou.
GOVERNO ALEGA CRISE FINANCEIRA
A diretora do Serviço Provincial de Assuntos Sociais, Siana Daúde, justificou o atraso com a crise econômica. "Já iniciamos pagamentos em alguns distritos, mas não há fundos para quitar toda a dívida", afirmou.
O programa beneficia cerca de 60 mil agregados familiares em Gaza, mas, sem uma solução concreta, milhares de idosos continuam a viver em extrema pobreza, dependendo de esmolas para sobreviver.